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MODA: MASP apresenta mostra da coleção completa do projeto MASP Renner
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Ao longo de três temporadas, realizadas entre 2017 e 2022, 26 duplas de artistas e estilistas produziram 78 trajes criados especialmente para o acervo do museu
MASP, doação dos artistas, coleção MASP Renner, 2020 Foto: Cassia Tabatini Modelo: Ruth Machado 22 de março a 9 de junho de 2024
O MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 22 de março a 9 de junho de 2024, a mostra Arte na moda: MASP Renner, que ocupa o 2o subsolo do museu. Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Leandro Muniz, curador assistente, MASP, a exposição reúne pela primeira vez todos os trajes criados por diferentes duplas de artistas e estilistas durante três temporadas, realizadas entre 2017 e 2022. O projeto reflete sobre o conceito de moda como campo de conhecimento, articulação e estudo, além de traduzir, por meio das indumentárias criadas a partir de uma pluralidade de temas e linguagens, a diversidade cultural do acervo de obras de arte da instituição. A mostra tem patrocínio da Renner, maior varejista de moda omni do Brasil. Desde a fundação do museu, a moda é uma linguagem considerada relevante para as atividades da instituição. Pietro Maria Bardi (1900-1999), diretor-fundador do MASP no início da década de 1950, junto de Lina Bo Bardi (1914-1992), arquiteta responsável pelo projeto do atual edifício do museu, tiveram um papel fundamental na concepção e elaboração de uma série de atividades ligadas à moda, como a implementação de uma coleção de indumentárias, proveniente de doações esporádicas, chamada à época de "Seção de costumes", além de organizações de desfiles de moda. Já na década de 1970, a coleção Rhodia, criada a partir de colaborações entre artistas e estilistas, foi incorporada ao acervo do museu em 1972. Atualmente, o acervo do MASP possui cerca de 600 itens ligados ao vestuário.
A parceria entre artistas e estilistas foi o ponto de partida para a expansão da coleção de moda do MASP, sob a direção artística de Adriano Pedrosa, e as peças foram produzidas diretamente para o acervo, sem usos ou circulação prévios. Essa característica sugere a reflexão sobre a roupa como obra de arte, e não apenas como documento histórico ou item autoral que passa a integrar acervos após seus usos. Nesse sentido, a coleção MASP Renner possui uma característica que a difere da coleção MASP Rhodia, em que as peças haviam sido usadas para desfiles e campanhas publicitárias e só posteriormente foram incorporadas ao acervo do museu.
Muniz reflete sobre a função das peças: "a nossa relação com as roupas produzidas para o projeto é projetiva: têm as escalas do corpo e um forte apelo tátil, evocam sensações e movimentos, mas não podemos vesti-las. Elas deixam de ser objetos funcionais para se tornar objetos de reflexão, sobretudo acerca da própria roupa, de seus sentidos históricos, sociais, dos códigos que carregam e de suas possibilidades simbólicas".
Ao longo das três temporadas do MASP Renner, Patricia Carta, Lilian Pacce e Hanayrá Negreiros foram convidadas sucessivamente como curadoras-adjuntas de moda para trabalhar na seleção e no acompanhamento das duplas de criadores, ao lado de Adriano Pedrosa e dos assistentes curatoriais do museu, Olivia Ardui, Guilherme Giufrida e Leandro Muniz. "Embora tenha sido desenvolvida ao longo de três temporadas, a coleção não é cronológica. As roupas levam em conta a viabilidade de serem vestidas por um corpo humano, mas testam os limites dessa possibilidade. A diversidade é a tônica do projeto – há duplas maximalistas ou minimalistas, políticas ou intimistas, meticulosas ou subversivas, debochadas ou profundas, emergentes ou históricas", pontua Muniz.
As duplas não se enquadram em temas gerais ou mesmo em estilos, entretanto, é possível identificar quatro modos centrais de operação na constituição dos trabalhos. Em duplas como Alexandre da Cunha e Reinaldo Lourenço, Beatriz Milhazes e Andrea Marques, Erika Verzutti e Isabela Frugiuele, Aline Bispo e Flavia Aranha, Sandra Cinto e Lucas Magalhães, imagens produzidas pelos artistas são transpostas para modelagens características dos estilistas. Esse procedimento compreende os modos como o caimento, o ajuste no corpo e a imagem modificam a percepção da silhueta. Questionando as fronteiras entre roupa e escultura, algumas duplas possuem procedimentos similares com o têxtil, as formas e as cores. A natureza tridimensional das roupas é levada a certos limites ou explorada em detalhe, como pode ser observado nos vestuários de Sonia Gomes e Gustavo Silvestre, Lidia Lisbôa e Fernanda Yamamoto e No Martins e Angela Brito. A última dupla, por exemplo, utilizou o dourado como ponto de partida para pensar três roupas baseadas em elementos do jogo de xadrez, que se complementam na alternância entre formas côncavas e convexas.
Há duplas que refletem sobre os códigos que roupas carregam e representam, como Leda Catunda e Marcelo Sommer, que partem do vestuário como um código de gênero e ironizam essa dinâmica. Gêneros também são discutidos nas colaborações entre Panmela Castro e Walério Araújo. Comunidades imaginadas estão presentes nas produções de Vivian Caccuri e Francisco Costa e Criola e Luiz Cláudio Silva, que produzem roupas para serem conectadas umas às outras. Ayrson Heráclito e André Namitala compreendem a roupa como um código religioso e de classe, enquanto Laura Vinci e Gloria Coelho incluíram itens relativos ao momento da pandemia de covid-19 em sua produção.
Por último, algumas criações testam os limites conceituais do que é uma roupa. Edgard de Souza e Jum Nakao usam um dos manequins do próprio acervo do museu para transpor um bordado do artista para a forma tridimensional de um vestido costurado diretamente no manequim. Laura Lima e Guto Carvalhoneto realizaram uma roupa multifuncional com as adaptações necessárias à travessia clandestina de uma fronteira; Detanico Lain e Walter Rodrigues constroem uma roupa metalinguística; Randolpho Lamonier e Vicenta Perrotta empregam uma barraca usada por uma pessoa em situação de rua para construir a saia do traje Casa Transcomunal, na qual costuraram camisetas de movimentos sociais recolhidas pela dupla ao longo do processo.
"Podemos ler as peças do projeto MASP Renner como ficções que condensam memórias, gestos, desejos, movimentos e narrativas dispersos na vida social. Muito além de um condicionante social, a roupa é um fator de ficcionalização dos corpos e de abertura para outras identidades e expressões do sujeito. Se as peças da coleção não correspondem necessariamente ao reflexo de uma sensibilidade cotidiana, posto que nunca foram usadas, elas preservam memórias ficcionais que, como toda boa ficção, dizem algo sobre a realidade desde suas bordas", conclui Muniz.
O projeto MASP Renner foi desenvolvido com a participação de 26 duplas de artistas e estilistas durante três temporadas. Para a primeira, foram convidados: Alexandre da Cunha e Reinaldo Lourenço; avaf e Amapô; Beatriz Milhazes e Andrea Marques; Caetano de Almeida e Alexandre Herchcovitch; Daniel Senise e Gilda Midani; Ibã Huni Kuin e Ronaldo Fraga; Iran do Espírito Santo e Marta do Espírito Santo; Leda Catunda e Marcelo Sommer; e Sandra Cinto e Lucas Magalhães. Já a segunda contou com: Ayrson Heráclito e André Namitala; Detanico Lain e Walter Rodrigues; Erika Verzutti e Isabela Frugiuele; Jaime Lauriano e João Pimenta; Laura Lima e Guto Carvalhoneto; Laura Vinci e Gloria Coelho; Sonia Gomes e Gustavo Silvestre; e Vivian Caccuri e Francisco Costa. Por último, a terceira foi composta por Aline Bispo e Flavia Aranha; Criola e Luiz Cláudio Silva; Edgard de Souza e Jum Nakao; Larissa de Souza e Diego Gama; Lidia Lisbôa e Fernanda Yamamoto; No Martins e Angela Brito; Panmela Castro e Walério Araújo, Randolpho Lamonier e Vicenta Perrotta e Valdirlei Dias Nunes e Vitorino Campos. Arte na moda: MASP Renner integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+. Este ano a programação também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, Lia D Castro, Catherine Opie, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+. ACESSIBILIDADE Em 2024, todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em libras ou descritivas; textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil, com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados. Os conteúdos ficam disponíveis no site e canal do Youtube do museu. CATÁLOGO
Acompanhando a exposição, será publicado um catálogo bilíngue, em inglês e português, com fotografias coloridas das indumentárias sendo usadas por modelos em um ensaio editorial. O livro, organizado por Adriano Pedrosa e Leandro Muniz, inclui textos inéditos de Patricia Carta, Lilian Pacce, Haynará Negreiros, Maria Claudia Bonadio e Leandro Muniz. Com design de Luciana Facchini e Jussara Fino, a publicação tem capa dura, com grafismos que remetem à costura, e 272 páginas em um projeto gráfico em preto e branco que destaca as roupas. MASP LOJA
Em diálogo com a exposição, o MASP Loja apresenta produtos especiais do projeto MASP Renner, entres os quais uma bolsa bilíngue, em inglês e português, e postais com uma imagem do trabalho de cada dupla, além do catálogo oficial da mostra. SERVIÇO
Arte na moda: MASP Renner
Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP e Leandro Muniz, curador assistente, MASP
2o subsolo 22.3—9.6.2024 MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista 01310-200 São Paulo, SP Telefone: (11) 3149-5959 Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas Agendamento on-line obrigatório pelo link masp܂org܂br/ingressos Ingressos: R$70 (entrada); R$35 (meia-entrada)
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