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Combustíveis carbono zero amenizam emissões, mas não solucionam o problema do efeito estufa
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Especialista explica que a compensação de gases é importante, mas como ação solitária não ressolve o problema do aquecimento global No fim de 2023, a Petrobras anunciou a primeira gasolina carbono neutro do país. Segundo a estatal, as emissões de gases de efeito estufa do combustível são previamente compensadas antes mesmo da venda do produto ao consumidor através de créditos de carbono gerados por ações de preservação ou de recuperação florestal de biomas nacionais.
A notícia foi recebida com entusiasmo na imprensa e no setor privado, mas com alguns pontos de ressalva e atenção. Francisco Higuchi, CEO da Tero Carbon e doutor em Ecologia e Manejo de Florestas Tropicais (UFPR/INPA/ FFPRI Japão), explica que a descarbonização e a redução no teor de enxofre (20mg/kg) do combustível, sozinhos, não são suficientes para solucionar o problema, mas são importantes para se somar às demais iniciativas que visam mitigar o problema do efeito estufa. Porém, o ceticismo em relação à iniciativa só aumentou após o projeto Envira Amazônia,do qual a Petrobras comprou créditos para neutralizar as emissões relacionadas à gasolina Podium, apresentar problemas na documentação da posse das terras e registros de desmatamento Para Higuchi, este é o tipo de situação que prejudica questões-chave em relação ao setor. "O mercado de carbono global ainda está centralizado no voluntarismo das empresas em reduzir e compensar suas emissões em troca de reconhecimento de sustentabilidade das marcas. Com os crescentes problemas nos projetos de geração do ativo como este usado pela Petrobras, há o risco de que todo o setor caia em descrédito".
O especialista ainda explica que questionamentos como este podem representar a interrupção de projetos regulares que visam, de fato, resolver o problema das emissões de gases tóxicos e não apenas neutralizá-las para vender a imagem sustentável de uma marca, o chamado "marketing verde".
Neutralizar ajuda, mas não resolve Segundo Higuchi, a compensação dos gases do efeito estufa é a primeira etapa de um processo mais complexo e fundamental para dar tempo para a indústria investir em tecnologias menos poluentes, inclusive em combustíveis mais sustentáveis.
Sendo assim, iniciativas como a gasolina carbono neutro do Brasil devem ser interpretadas como necessárias para a manutenção do estilo e qualidade de vida da sociedade e não apenas como oportunidades de negócios, defende o CEO da Tero Carbon. "Compensar a emissão de poluentes, como uma ação solitária, ajuda mas não resolve o problema, apenas não o agrava. O objetivo real deveria ser a redução da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera e a reversão do aquecimento global", conclui
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