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‘Tecnologia era distante e para pessoas muito inteligentes’: hoje ela é Gerente de Produtos de FinOps e ajuda outras mulheres a ingressar na área
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Com ajuda de ONG, Fabiana Costa conseguiu quebrar barreiras e se especializar em TI; ela voltou para a faculdade de Tecnologia aos 40 anos e hoje inspira outras mulheres. Foto Divulgação
Fabiana Costa entrou para o mercado de trabalho jovem: aos 12 anos, ela saía da escola, ajudava a mãe num mercado de bairro e trabalhava até às 21h. Mais tarde, decidiu cursar pedagogia e conseguiu uma vaga no setor financeiro de um hospital. Nessa época, a área de Tecnologia ainda era distante, para 'gente muito inteligente', pensava ela, ao mesmo tempo em que incentivava o irmão a ingressar no setor. Para a pedagoga, essa possibilidade só surgiu depois de ela trabalhar numa empresa de automação industrial e praticamente fundar o setor junto com a companhia. Hoje, depois de idas e vindas, ela trabalha como Gerente de Produtos de FinOps e ajuda outras mulheres a ingressar em TI.
"Eu trabalhava numa empresa de cento e poucos funcionários, que estava sendo estruturada ainda, e precisavam de alguém para a área de tecnologia, porque lá não tinha uma liderança. Então, aos poucos eu fui assumindo responsabilidades, cuidando e conhecendo o sistema. Nessa empresa eu fiz uma carreira de 10 anos: entrei como auxiliar de recursos humanos e saí como coordenadora de sistemas. Tive uma trajetória de muito conhecimento, porque participei de feiras, eventos… E eu gerenciava, fazia reuniões de apresentação para a diretoria. Tive uma trajetória bem gostosa e me apaixonei muito pela carreira", conta.
Porém, ainda não foi neste momento que Fabiana conseguiu se consolidar na área. Em 2018, o marido dela tinha o sonho de montar um comércio, mas não poderia tocar o negócio sozinho. Então, ela abraçou essa ambição junto com ele. "Pedi demissão e fui tocar o projeto com meu marido. Quando fui para o mercado, tivemos um desafio gigantesco, porque é um trabalho cansativo, maçante. Eu não tinha férias e ainda estava distante do que eu gostava, porque eu queria trabalhar com tecnologia. Então, comecei uma faculdade em Gestão de TI, mas não consegui terminar por conta de alguns problemas familiares", comenta a pedagoga, que se inspirava na trajetória do irmão, a esta altura já com uma carreira estável na área.
"Só que para mim parecia um sonho muito distante, porque eu não tinha formação. Quando saí do mercado de trabalho em TI, ainda estávamos no período de on-premise, de servidores físicos e não se falava em nuvem, o que era algo muito remoto. Quando resolvi voltar a estudar, eu já estava com 40 anos e a situação financeira no mercado [com o marido] não estava legal, porque passamos por um revés financeiro bem grande", explica Fabiana. Para ela, voltar a estudar foi um desafio, por conta da resistência de alunos e professores ao perceberem uma mulher 40+ na sala de aula realizando um curso superior. "Tinha muitos alunos de 17, 18 anos, que é a idade da minha filha hoje. Eu era a única ali com 40 anos".
Foi nessa época que Fabiana Costa conheceu, por indicação do irmão, a Escola da Nuvem, uma organização social sem fins lucrativos que prepara pessoas em situação de vulnerabilidade social para carreiras em computação em nuvem ao oferecer gratuitamente certificação e encaminhamento ao emprego. "Fiquei encantada, porque as aulas eram de graça e ainda tinham conteúdo sobre habilidades comportamentais. Pensei que seria só um curso técnico, mas tínhamos aulas de comportamento com pessoas sensacionais, que falavam de inteligência emocional com muito afinco e carinho. E eu comecei a gostar de computação em nuvem", conta ela, que logo depois tomou a iniciativa de pedir para dar aulas na Escola da Nuvem voltadas para soft skills.
Fabiana mesclava as aulas ministradas sobre habilidades comportamentais enquanto se especializava na área técnica, estudando e procurando uma oportunidade inicial em nuvem. "Achava que eu ia encontrar algo bem inicial, como analista. Comecei a estudar FinOps e me encantei, então quis me aprofundar. Depois, já no início de 2024, me tornei instrutora técnica de apoio na Escola da Nuvem, então trabalhava todo o tempo lá. Foi uma experiência incrível, porque trabalhei com mulheres refugiadas com histórias incríveis e desafios de vida, então ensinar tecnologia e comportamento para elas me impulsionou e me desafiou".
"A Escola da Nuvem me trouxe aquela virada de chave. Quando fiz o curso, meu professor deixou bem claro que lá era o início, um start para depois se aprofundar. E eu fui correr atrás disso, procurando amigos que já estavam atuando na área. Eu tenho um grupo de colegas que fiz na Escola da Nuvem, que me incentivou muito, durante o período de certificação, a estudar. Às vezes, eu chegava do trabalho e ainda ficava com eles estudando em chamada para me desenvolver. Como voluntária, para mim, foi um momento de autoconhecimento, de entender um pouquinho das histórias dos alunos e da trajetória de cada um. Essa troca é algo que me motiva muito e me dá energia para continuar", lembra ela, que em junho deste ano conseguiu o cargo de Gerente de Produtos de FinOps em uma empresa de tecnologia.
"Hoje, tenho atuado na frente de atualização do sistema, em toda a mudança que é feita na programação, na gestão dele. Também faço atendimentos aos clientes, elaboração de propostas, acompanho o time de nuvem e o time de desenvolvimento. Tenho avançado bastante. A área de TI é muito bem remunerada e tem muitas possibilidades de crescimento. Quanto mais você conhece, quanto mais você estuda, mais capacitado você está para poder almejar uma posição melhor. Sou adepta ao networking, que pode nos levar a oportunidades incríveis. Também recomendo estudar muito para saber onde se encontrar, porque a área de TI é muito ampla e tem muitas possibilidades: pode ser em desenvolvimento, banco de dados, nuvem, atendimento ao cliente… Então, é preciso entender o mercado, quais são as necessidades dele e ir atrás daquilo que ele mercado está buscando", finaliza Fabiana.
07/11/24, 14:35:27 |