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Estratégia de regionalização: como adaptar o varejo às diversidades do Brasil


Por Luciana Medeiros* e Renato Meirelles**

 

As empresas de consumo e varejo no Brasil estão diante de um cenário diversificado que desafia a adoção de uma abordagem uniforme. Os dados sobre a distribuição de classes econômicas e a demografia racial evidenciam a necessidade de uma estratégia bem adaptada para atender às particularidades de cada região.
 

As classes C, D e E, que compõem 76% da população e são responsáveis por quase metade do consumo total no país, por exemplo, estão mais concentradas nas regiões Sudeste e Nordeste (71% do total), conforme aponta o estudo "Mercado da maioria – Como a força da população de baixa renda está transformando o setor de varejo e consumo no Brasil", realizado pela PwC e pelo Instituto Locomotiva.
 

O Sudeste, mais especificamente, abriga 39% desse grupo, o que indica uma significativa parcela da população brasileira de classe média e baixa nesta região. Em seguida, vem o Nordeste, com 32%.
 

As organizações precisam desenvolver estratégias que atendam às necessidades e padrões de consumo específicos desses grupos. Por exemplo, é essencial desenvolver produtos e embalagens que se alinhem com a capacidade de investimento dos consumidores nas áreas com menor poder aquisitivo. Embalagens menores e preços acessíveis podem ser mais atraentes nesses mercados. Preferências regionais, como aromas ou sabores favorecidos pelo clima, também podem ser um fator diferencial.
 

As marcas devem também ser sensíveis às variações culturais e raciais. Em nível nacional, 56% dos brasileiros se identificam como negros, mas esse percentual varia muito regionalmente. Para se ter uma ideia, o Norte e o Nordeste concentram a maior proporção de população identificada como negra – 79% e 74%, respectivamente.
 

Esses dados contrastam fortemente com a realidade da Região Sul, que registra a menor proporção de negros: 26%. O Sudeste tem a distribuição mais equilibrada, com 48%, bem abaixo dos 63% do Centro-Oeste.
 

No Norte e Nordeste, onde a concentração de população negra é maior, as campanhas de marketing podem ter uma performance com maior engajamento ao refletir a identidade cultural e racial da população local. Isso não só ressoa com o público, mas também reforça a responsabilidade social da marca.
 

Em um país tão multifacetado em termos regionais, não há uma fórmula única. Uma estratégia de mercado eficaz requer compreensão profunda e comprometimento com a diversidade econômica, cultural e racial do Brasil. Isso se traduz em um desafio gigantesco do ponto de vista de mix de produtos e serviços, levando em consideração uma personalização cuidadosa na oferta, além de uma comunicação que celebre a riqueza da diversidade brasileira.
 

De acordo com o estudo Mercado da maioria, 64% dos entrevistados das classes C, D e E aceitariam pagar um pouco mais por marcas e produtos que apoiem a diversidade e metade deixariam de comprar de alguma marca que tivesse atitudes consideradas preconceituosas. Os líderes do setor precisam constantemente questionar se suas estratégias estão alinhadas com essas nuances do mercado brasileiro.
 

Essa estratégia envolve o desenvolvimento de novos produtos e serviços que atendam às expectativas emergentes dos consumidores e a implementação de cadeias de distribuição que possam alcançar de modo eficiente todas as camadas da população.

 

Distribuição socioeconômica e racial dos brasileiros
 

 


 



 

Fonte: PwC e Instituto Locomotiva, Mercado da maioria – Como a força da população de baixa renda está transformando o setor de varejo e consumo no Brasil, 2023


*Luciana Medeiros é sócia da PwC Brasil e líder do setor de Varejo e Consumo

** Renato Meirelles é presidente do Instituto Locomotiva



Fotos: Divulgação




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