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Com restrição de dados e busca por eficiência, programas de fidelidade ganham protagonismo nas marcas
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* Nathália Dalla Corte
A reconfiguração do mercado em relação à gestão de dados e investimentos levou a um movimento pouco esperado no Brasil: o boom dos programas de fidelidade, seja no número de usuários, ou no impacto na geração de negócios.
Segundo dados da ABEMF (Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização), o resgate de pontos cresceu 50% em 2022. No segundo trimestre de 2023, esse crescimento foi de 25,9%, chegando a 11,7 milhões de transações no período. Além disso, o Brasil já dispõe de mais de 306 milhões de cadastros nestes programas. Se levarmos em conta ainda programas de cash back, sócios e de cupons digitais, esse impacto é ainda maior. Interessante notar que 95% desses pontos foram acumulados pelos participantes em compras feitas no varejo, um indicativo que as marcas vêm, sim, apostando cada vez mais nesta estratégia.
Mas o que alavancou tamanha movimentação que agora fica mais evidente? Primeiro, depois de alguns adiamentos, chegamos ao famoso fim dos cookies de terceiros, o que restringiu o acesso a dados dos consumidores. Soma-se a isso, uma maior consciência em relação às normas da LGPD, o início da atuação da autoridade de dados e a própria demanda dos consumidores e da sociedade por um uso mais responsável. Ou seja, agora mudou a forma com que as marcas podem encontrar e impactar seus consumidores.
Em paralelo, um mercado mais competitivo, digital e com mudanças nos hábitos dos consumidores trouxe uma grande demanda por maior eficiência dos investimentos em mídia, incluindo uma percepção geral de que, neste cenário, é mais vantajoso reter e desenvolver os clientes atuais do que buscar novos, cuja aquisição é mais cara, até como um reflexo da inflação da mídia digital.
Outro fator importante neste cenário é a proliferação de pontos de contato, dispersando a atenção da audiência. A dupla programa de fidelidade + CRM consegue em muitos momentos "furar" esta barreira, com destaque para o uso cada vez mais difundido do WhatsApp para comunicação e vendas. Até a questão da criatividade, neste contexto, ganha outra dimensão, pois é possível testar e ter acesso a dados detalhados de qual abordagem é mais efetiva.
O avanço do omnichannel – com a integração de vários pontos de contato, vendas e estoques – também potencializa este movimento, pois proporciona ao consumidor escolher a configuração que mais lhe convém, com chances de envolvimentos ainda maiores nesta "teia".
Algumas boas práticas, porém, devem ser observadas. A começar por ver o cliente como um só. Infelizmente, ainda é comum marcas terem informações segregadas por departamento, gerando excesso de contatos e grande desalinhamento nas comunicações. E, não basta ter o programa, é necessário ter benefícios atrativos e relevantes (com equilíbrio financeiro de longo prazo) e comunicá-los de forma adequada.
Aqui cabe um alerta: forçar a barra com descontos acaba indiscriminadamente por "poluir" a imagem da marca, isso porque se acaba dando muito peso a questão do preço e não a todo o valor que o produto e serviço entrega. E sim, ter muitos canais de relacionamento é bom, mas cresce na mesma medida o cuidado de se manter a coerência neles todos.
Por fim, recomendamos uma atenção extra a fraudes – hoje dispomos de tecnologias efetivas neste sentido – e as vendas em marketplaces. A marca deve acompanhar como está a visibilidade de seus produtos neste canal, checando inclusive a qualidade das vendas e experiência por meio dele.
Temos todo um novo universo a ser explorado e com tecnologias cada vez mais potentes. As marcam devem priorizar esta área da empresa, inclusive como alavanca para novos insights de negócios e atração de novos clientes em condições mais favoráveis e precisas.
* Nathália Dalla Corte é sócia e Vice-presidente de Business & Strategy da Cadastra, empresa global de estratégia, tecnologia, dados e marketing.
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