Trancados em casa durante a pandemia, mãe e filho começaram uma nova atividade juntos: montar pulseiras de macramê. Naquele momento, em 2020, Bianca Santini não tinha ideia que aquilo evoluiria a ponto de se tornar sua atual empresa.
"A Mar Joias começou meio que por acaso", conta a empreendedora, de 46 anos. "Na época, eu não tinha intenção de empreender, apesar de possuir um lado criativo que gosto de explorar como hobby."
Tudo começou em casa mesmo. O pequeno Joca tinha apenas seis anos quando a covid-19 deixou todo mundo sem poder sair na rua. Para entretê-lo, Bianca teve a ideia de propor ao menino uma brincadeira com pulseiras. "Era uma forma de termos uma atividade em casa", diz.
Só que, curiosa que é, Bianca começou a estudar como se fazia a amarração das pulseiras para um melhor acabamento, e começou a gostar tanto da brincadeira que passou a fazer peças para ela mesma usar. No Natal daquele ano, mãe e filho se viram presenteando as pessoas da família com chaveiros de pedras.
"Sou autodidata e sempre que quero aprender algo, vou atrás de informações. Passei a entender o mundo das peças artesanais e o processo de produção de joias. Busquei conhecimento sobre cristais, pedras e seus significados, técnicas, materiais, acabamentos para fazer o melhor possível de algo que era completamente novo para mim, que nunca havia passado pela minha cabeça."
Em 2021, Bianca decidiu criar algumas peças para ela e para pessoas próximas. Naquele momento, ela atuava como consultora de negócios e fazer as peças era uma forma de terapia – a ideia de empreender com joias ainda não estava no radar.
Mesmo sendo um hobby, Bianca queria usar materiais para acabamentos que trouxessem cada vez mais excelência para a confecção das peças. "Foi quando visitei uma amiga da nossa família que tem uma fábrica de peças em prata e ela abriu as portas para mim", diz. "Nesse momento estava pensando apenas em montar pulseiras e precisava de um fecho, mas as várias perguntas que ela me fez nesse dia me deram um 'start' de que havia uma porta se abrindo. Saí de lá refletindo sobre tudo."
Em fevereiro de 2022, quando pegou covid e teve que ficar uma semana recolhida no quarto por causa da doença, Bianca aproveitou para estudar e aprofundar seus conhecimentos sobre a produção de joias. "Entendi o que eu precisava efetivamente e voltei na amiga dona da fábrica de pratas para encomendar as peças exatas para o que eu queria fazer: brinco, pulseira e colar. Tudo com pérola."
Nesse tempo de recuperação da covid, Bianca também criou o nome da marca - Mar Joias -, a logo em aquarela e o perfil no Instagram. Em março de 2022 ela começou a divulgar a Mar Joias como um negócio. "Divulgava entre amigos e nas redes sociais."
Em abril, Bianca passou a investir em impulsionamento digital, mas veio um contratempo. "Tive um acidente em que quebrei minha perna, precisando fazer uma cirurgia mais delicada", relembra. "No hospital fui abordada via Instagram pela influenciadora Gabriela Pugliesi perguntando se eu tinha um determinado brinco que estava publicado no feed da Mar Joias. Eu disse que sim e imediatamente ao sair do hospital produzi a peça para ela. Para mim aquilo era mais um sinal. Simbolizava que eu precisava seguir o caminho."
Dedicação integral ao negócio dois anos depois
Em julho de 2022, o projeto de consultoria que Bianca estava desenvolvendo finalizou, e foi então que ela decidiu focar 100% na Mar Joias e colocar o site no ar. "Recebi outras ofertas de consultoria, mas a forma como as coisas foram acontecendo me mostraram que o caminho era outro", diz. "Comecei a me dedicar só a Mar Joias e a me estruturar."
Eventos presenciais complementam marca nativa digital
Em 2023, Bianca começou a produzir pequenos eventos presenciais em colab com outras lojas e marcas onde vendia os produtos, e também online.
Os eventos presenciais, aliás, são parte importante da estratégia da marca. Como a empresa é nativa digital, Bianca entende que é preciso ter algum tipo de atuação no "mundo físico". "Acredito nessa complementação", diz. "No mercado de acessórios e joias, as pessoas sentem falta de pegar a peça, vestir, ter a percepção física do produto, principalmente quando falamos de uma marca nova, que o consumidor ainda não experimentou."
Justamente por isso, a Mar Joias participou, em abril, de um evento junto com a famosa marca de tênis Veja (ex-Vert). Na Casa 22, em São Paulo, Mar Joias e Vert estiveram presentes ao longo de todo o dia oferecendo customização de seus produtos aos consumidores. "Tivemos uma oficina de brincos, com pérolas barrocas e de água doce, além de pedras, para a pessoa poder escolher como queria montar seu brinco, incluindo uma peça ou duas na argola", detalha Bianca. "A ideia foi permitir a criação de uma peça única para presentear uma pessoa que é única, a mãe, já que estamos próximo do Dia das Mães, ou ela mesma."
A coleção do Dia das Mães da Mar Joias, aliás, se baseia nesse conceito de que cada mãe é única. Por isso, Bianca escolheu trabalhar com a pérola barroca, que não é "perfeitamente esférica" como outras pérolas. Ela surge na natureza em formatos variados. "Cada pérola barroca é única."
Atualmente, as peças da Mar Joias estão à venda no site da marca e também na Casa 22 Flagship, que tem lojas físicas. Desde julho, Bianca tem um espaço de trabalho fora de casa. "Chegou um momento em que eu precisava ter um espaço para a empresa que estava crescendo", conta. "Montei um showroom integrado com a oficina onde posso criar as coleções, receber clientes e, ainda, ter um time para colaborar com as produções."
A Mar Joias é a primeira empresa criada por Bianca. Antes disso, ela empreendeu na varejista do pai, no setor de calçados, e com franquias de alimentação e produtos de beleza. "É uma marca que nasceu de dentro de mim, foi um presente inesperado, e que acaba me dando outra motivação para fazer dar certo", revela.
A empreendedora reforça que há grande desafio para fazer o projeto realmente dar certo. "Porque nenhum negócio começa lucrando", enfatiza. "Mas quando vem de dentro da gente, a motivação é outra, traz outra realização. Me sinto abençoada por poder trabalhar com algo que antes era uma brincadeira, que já dava alegria e prazer de fazer."
