Confira
Olhar irônico sobre a morte guia a primeira coleção de Augusto Paz
- Gerar link
- Outros aplicativos
Trabalhando com peças sob medida em seu ateliê há três anos, o estilista lança primeira coleção com propostas de modelos autênticos e glamourosos
Fim e começo são pontos diferentes de uma mesma trajetória. A partida de alguém querido gera uma ausência que, de maneira irônica, preenche o cotidiano de novas sensações. É com esse paradoxo em vista que Augusto Paz escolhe o fim como ponto de partida para mostrar sua assinatura criativa pela primeira vez num desfile – momento que consolida uma nova fase para o ateliê criado por ele há cerca de três anos. O trabalho tem foco em peças sob medida para o segmento de festa e mira, sobretudo, em clientes que fogem do óbvio unindo sofisticação e ironia. O ateliê de Augusto hoje está no icônico Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, onde atende clientes que procuram por glamour, autenticidade e uma pitada de loucura, além do atendimento um a um, maior diferencial de experiência da marca. A coleção, que será mostrada no dia 15 de agosto, no Nacional Club, no bairro do Pacaembu, mantém essa abordagem, funcionando como um acervo que serve de referência para que estilista e cliente criem um modelo personalizado. O ateliê representa a visão de moda, criatividade e comportamento de Augusto e a reflexão sobre como essa assinatura ficaria registrada para a posteridade não poderia ser guia melhor para a primeira coleção que exibe ao público.
Batizada de "Aqui Jaz Augusto Paz", a coleção é uma forma bem-humorada e irônica de lidar com o óbito. Em 2023, o estilista perdeu uma amiga muito querida de maneira inesperada. Durante um encontro dos amigos enlutados, surgiu a questão: "como vocês querem que seja o funeral de vocês?". Ele tinha a resposta pronta: a única coisa de que fazia questão era que todos se vestissem de acordo. É a hora de tirar o melhor do armário e se desligar do senso de guardá-lo para "ocasiões especiais", o principal é estar à altura do homenageado.
Desse exercício fúnebre, surge a primeira linha, com modelos que vão desse funeral imaginário a qualquer ocasião que exija drama e certa opulência. Augusto pratica um interessante exercício de exploração de volumes, numa silhueta com cintura e ombros bem marcados, saias com volante e, principalmente, o humor de quem sabe que está belíssima, mas não se leva tão a sério. Os vestidos, longos ou coquetel, remetem aos trajes das dançarinas de flamenco, resgate que Augusto faz das referências de sua família espanhola e de musas como Rossy de Palma e Betty Lago. A coleção também conta com conjuntos e modelos de vestidos curtos além do cocktail dress, para mostrar que as criações podem e devem ir além da festa e que têm, sobretudo, uma linguagem fresca e contemporânea.
A cartela de cores passeia por preto, vermelho, cor de rosa e branco e, entre os tecidos, se destacam o cetim e o veludo, além do crepe para o forro das peças – afinal, uma roupa é tão boa quanto seu avesso. As silhuetas são elaboradas a partir de modelagem plana e moulage, e o design de superfície traz bordados, aplicações e crochê. Este último é essencial na história do Ateliê Augusto Paz, pois foi a prática resgatada por Augusto para se recuperar de um episódio de esgotamento. Isso se transformou numa produção pequena na qual ele enxergou potencial para um projeto, que por fim o levou a optar por investir todos os seus recursos para trabalhar com criação de moda, fundando a marca. As intervenções de crochê são produzidas por uma profissional de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, que acompanha o estilista desde o início da trajetória do ateliê.
As pedrarias trazem a dimensão da arte para a coleção, vindas de uma ação que reuniu Augusto e o artista Guilherme Borsatto, que também trabalha a finitude em suas criações. A partir de padrões e formatos de marcas de bolor, fazendo referência à beleza encontrada na decomposição e as histórias que elas contam sobre o apego às coisas e o fim, Borsatto elabora texturas únicas que foram transpostas para as peças em aplicações de pedrarias, com a ironia fina característica de Augusto Paz. As preciosas aplicações são colocadas em pontos estratégicos dos modelos, em formatos curiosos, como o da marca de um ferro de passar roupa: que jogue a primeira pedra a mulher que, nos preparativos para uma grande ocasião, não acabou queimando o vestido escolhido a dedo e teve de mudar todo o look. Mas a mulher Augusto Paz não se faz de rogada e transforma o inconveniente num detalhe singular, sempre com as doses certas de graciosidade e sarcasmo.
Um ponto importante: a cliente de Augusto é, de fato, como na tradição dos grandes couturiers, o centro do ateliê. Os modelos apresentados no dia 15 foram produzidos no tamanho 42, um aceno ao biotipo da clientela do estilista. A intenção é que as espectadoras possam provar os modelos apresentados. A imagem do desfile é arrematada pelo styling de Heleno Manoel e beleza de Ricardo dos Anjos, com acessórios da designer Cássia Cipriano e Rico 3D Maker. Cássia desenvolveu um modelo de chapéu para complementar os looks da passarela.
O pano de fundo para a apresentação é o Nacional Club. O casarão tem nomes como Jacques Pilon, Burle Marx e Di Cavalcanti assinando arquitetura, paisagismo e decoração. Uma mostra de que a ironia e o humor também vão ao baile, de forma glamourosa, contemporânea e nada blasé.
SERVIÇO Evento: Desfile Ateliê Augusto Paz - Coleção Aqui Jaz Augusto Paz Data e Horário: 15/08/24, quinta-feira, às 19h. Local: Nacional Club - Rua Angatuba, n. 703, Pacaembu, CEP 01.247-000, São Paulo - SP
FICHA TÉCNICA Direção Criativa: Augusto Paz Direção de Desfile: Roberta Marzolla Produção Executiva: Carol Andrade Styling: Heleno Manoel Beleza: Ricardo dos Anjos Pentes: Rico 3D Maker Assessoria de Imprensa: LEMA+
Saiba mais
Augusto Paz Ateliê Conjunto Nacional - Av. Paulista, nº 2073 - Consolação, CEP 01311-300, São Paulo - SP
|