NEGÓCIOS: License Week discute como as parcerias com clubes internacionais ampliam o alcance de marcas brasileiras
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Evento promoveu conversas com marcas, licenciados e licenciantes que transformam conexões emocionais em oportunidades comerciais. Fotos: Divulgação O License Week, semana temática dedicada ao universo do licenciamento de marcas, reuniu no início de maio os principais nomes do mercado para debater o poder do licenciamento como alavanca estratégica de negócios. Idealizado por Bruno Maia, especialista em marketing e entretenimento, o evento promoveu conversas com marcas, licenciados e licenciantes que transformam conexões emocionais em oportunidades comerciais. O objetivo foi mostrar, na prática, como o licenciamento pode ser uma das ferramentas mais potentes para conquistar novos públicos, gerar valor de marca e impulsionar vendas.
O foco esteve nas parcerias com clubes internacionais. Bruno recebeu dois convidados considerados referência nesse tema: Raphael Waintraub, da Balboa, empresa que atua no segmento de confecção com licenças de grandes times europeus, e Tarso Evangelista, da Touti, rede de perfumaria que vem expandindo fortemente por meio do franchising e, mais recentemente, por meio de colaborações licenciadas. A conversa destacou como produtos mais acessíveis podem democratizar o consumo das marcas globais entre os brasileiros e como o licenciamento se tornou uma ferramenta central nas estratégias de crescimento de ambos os negócios. A trajetória da Balboa no licenciamento esportivo é marcada por reinvenção estratégica. Com 30 anos de mercado, a empresa já havia trabalhado com diversas categorias de marcas licenciadas - de puericultura a surfwear , mas foi durante a pandemia, em 2020, que decidiu redirecionar esforços para o universo esportivo. A primeira abordagem foi com clubes brasileiros de menor expressão, fora do eixo principal do futebol nacional. Apesar de avanços nas conversas, a Balboa optou por não seguir adiante: o mercado local se mostrou saturado, com forte concorrência e disputas acirradas por espaço. Foi então que surgiu a oportunidade de acessar o portfólio internacional, com o apoio da Destra, e a empresa viu ali uma chance de reposicionamento ousado e promissor.
Em apenas três anos, a Balboa já licenciou produtos de cinco dos maiores clubes de futebol do mundo: Barcelona, Bayern de Munique, Paris Saint-Germain, Manchester City e, mais recentemente, o Real Madrid. Os produtos, que vão de camisetas a acessórios diversos, estão presentes em mais de mil pontos de venda em todo o Brasil, entre key accounts nacionais e regionais. Para a empresa, o licenciamento com marcas globais se tornou mais do que um novo canal comercial; virou uma plataforma de autoridade e diferenciação que impulsiona toda a holding, incluindo negócios voltados para moda e confecção.
Além de gerar valor de marca, o licenciamento com clubes internacionais oferece uma vantagem cultural relevante: a rejeição entre torcidas é praticamente inexistente, ao contrário do que acontece com clubes nacionais. Isso facilita a aceitação dos produtos nas lojas e amplia o alcance comercial. "É raro alguém rejeitar um item do Manchester City porque torce para o PSG. Já entre times brasileiros, o sentimento é muito mais passional e limitante", destacou Rafael. Essa percepção, compartilhada também por Tarso Evangelista, da Touti, reforça como o licenciamento internacional pode ser uma via mais estável e estratégica para marcas que operam em escala nacional e buscam performance de longo prazo. A Touti, por sua vez, encontrou no licenciamento uma alavanca para diversificar portfólio, gerar desejo e se posicionar além do universo tradicional da perfumaria. Ao lançar fragrâncias inspiradas em grandes clubes internacionais, a marca conseguiu dialogar com um novo perfil de consumidor — mais jovem, conectado ao esporte e ávido por produtos que traduzem identidade e estilo. As edições limitadas lançadas com clubes como PSG e Barcelona foram sucesso imediato de vendas e abriram espaço para novas coleções licenciadas com temáticas ligadas à cultura pop e ao entretenimento. A estratégia da Touti mostra como o licenciamento pode romper barreiras de categoria e atuar como vetor de inovação.
Durante o License Week, também se discutiu como a força emocional das marcas licenciadas pode ser potencializada quando alinhada a boas narrativas e estratégias de distribuição. No caso da Touti, por exemplo, os produtos licenciados são integrados a campanhas com forte apelo visual, presença em redes sociais e ativações em pontos de venda. Esse trabalho coordenado tem sido essencial para fortalecer o posicionamento da marca no varejo físico e digital. Tarso ressaltou que o licenciamento não deve ser tratado como uma simples estampa na embalagem, mas como uma construção de marca colaborativa, capaz de gerar valor tangível para ambas as partes. Ao encerrar o painel, Bruno Maia reforçou que o sucesso de estratégias de licenciamento está diretamente ligado à coragem de inovar e à clareza sobre o papel que essas marcas podem desempenhar na vida do consumidor. "Não se trata apenas de vender um produto com um escudo famoso, mas de entender como aquela marca pode emocionar, contar uma história e entregar valor real", afirmou. Para ele, o licenciamento bem executado é uma das formas mais eficientes de conectar propósito, narrativa e resultado e tende a ocupar um espaço cada vez mais relevante na estratégia das empresas brasileiras.
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Por @marcosgomesbr